quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Madrugada...

 Algo acontece, acordo assustada repouso minhas mãos sobre a cama, coração saltitando. Meu corpo gelado, e olhos cheios de lágrimas. 
- Que saudade, sussurei esfregando a roupa sobre o peito.
Como poderia dormir sem sentir que falta algo dentro de mim...
Me levantei e caminhei até a cozinha. Tomar uma água, respirar fundo. 
E nessa madrugada voltar a dormir, quem sabe a amanhã esteja melhor. 
Será a dor que sinto, ter a angústia de mim mesma e olhos que queria poder olhar fixamente para o resto da vida. 
Encostei a cabeça no travesseiro, joguei meus cabelos para trás e fechei os olhos. Mas não estava nada confortável, então continuei a me virar e virar, enfim parei... 
Foi quando me assustei, senti uma mão sobre as cobertas, só conseguia enxergar as janelas e estavam abertas, o frio entrando e eu me apavorando cada vez mais... Foi quando tive a coragem de olhar.
Era ele, meu coração nunca saltitou como naquele momento, eu não tinha mais medo e seus olhos me confortavam. 
- como sinto sua falta, eu disse olhando fixamente o olhar que tanto queria pra mim. 
Ele se encaixou comigo e antes de dormimos escutei: 
- Eu te amo Alice. Quero ficar com você para todo o sempre...
Quando acordei, estiquei os braços e nada sentia, onde estava? Para onde foi? A janela estava fechada! E ele tinha sumido, mas para onde? 
Foi aí que meus olhos travaram e eu percebi que tudo se passará de um sonho, um sonho perfeito, que não existiu...
Como pude pensar que seria perfeito mais uma vez... Se foi eu que errei? E sou eu que sofro as consequências.
 Mas nunca esqueci o brilho dos olhos e o sorriso mais fascinante que pude ver e ouvir...

terça-feira, 16 de junho de 2015

Gift...

                Apropriou-se dele como se naturalmente fosse de seu direito. Acontece que não pensou a respeito. Apenas intimamente decidiu que assim seria. Quando o avisaram a primeira vez, achou graça, sentiu-se bem. Mas logo a encontrou e então sua opinião mudou. Ignorou à primeira vista, claro. Não poderia assumir aquilo. O quê? Homem feito, maduro e centrado, não isso, não, com ele não! Mas aí os dias se acumularam, e com eles a lógica das relações humanas se perdeu em algum canto não notado. Pronto, foi apropriado.
                Elencar os pontos que o chamavam atenção parecia difícil. Mas gostava especialmente quando ela sorria envergonhada tentando fechar a boca, ao mesmo tempo em que desviava o olhar dele como que sabendo seu poder hipnotizador. Ah, isso o fazia passar horas pensando nela. Que vontade ele tinha de abraçá-la. Voltou a fazer coisas que nuca mais tinha feito. Preocupava-se com as vestes. Ora, logo ele que nunca ligou pra roupa.  Achava graça quando se vestia em frente ao espelho e sentia-se elegante.  Ela vai gostar desta camisa. E acertava sempre. Ela gostava do jeito que ele se vestia. Era um pouco relaxado. Mas não era de todo mal. O cabelo continuava bagunçado. Isso ele não ia mudar. Ela sempre foi um pouco excêntrica ao se vestir. Às vezes ele achava exagerado. Mas havia graça e beleza em tudo que dizia respeito a ela.
                Dez anos os separavam. Separavam, no passado mesmo. O presente é uma incógnita. Este relato é do passado.  Dez mínimos anos. Dez máximos anos. Como isso foi problemático durante todo aquele tempo! O engraçado que se esquecia disso quando ela se aproximava sorrindo magicamente. Seus olhos brilhavam. Parecia uma cena romântico-dramática-melosa-chata. Mas assim acontecia sempre. Quando aquele dia pediu sua ajuda não pensou duas vezes em se prontificar. Claro que ajudo, estarei lá em cima, só me procurar. Lado a lado sentados. Os olhares se cruzando de vez em quando. Ela não entendia sua explicação e fazia gestos de impaciência consigo mesmo. Passava as mãos pelo rosto sorrindo daquele jeito peculiar que ele tanto gostava.

                Não demorou para se tonar insuportável a situação. Ele enlouquecia com a impossibilidade de tornar aquilo verdadeiro.  Ela nunca tomaria uma atitude. Nunca falaria nada. Ora, ele vivia uma contradição sem fim. Até que certo dia não suportou. Vendo-a passar segurou em seu braço.  Puxou-a bem próximo de si. Olhe bem para mim. Você tem que me olhar por alguns minutos nos olhos. Isso não é justo. Ela nada fazia senão sorrir como sempre fez. O beijo foi automático. Ele nem pensou no que estava fazendo. Quando se deu conta já tinha feito o que não podia. O beijo não, tudo menos o beijo. Agora ficaria incontrolável. E ficou. Foi obrigado a repensar sua vida. Repensar significava abandonar tudo. Assim o fez. Melhor pra ele, talvez. Não mais pensou em tudo aquilo. Apagou da memória aquele ano. Quanto a ela. Continua até hoje se apropriando e desfazendo a maturidade de muitos maduros por aí.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A minha única parte humana...


És como se a única gota de vida escorresse pelo ralo. O olhar perdido sem luz, o cheiro sem nada sentir, o tato sem nada se empolgar... Não ter a razão de sorrir, se esforçar para que nenhum olhar amigo perceba. Se esconder em um profundo sentimento, sem nada sentir. 
Não ter, não sentir. Me apavora, me destrói. 
Eu não quero esquecer quem me fez sentir viva. Isso não acontecerá...não apagará e nunca me deixará.
Percebi que palavras inúteis são estás, mas expressar o que sente sempre foi a dor mais violenta. Entre as lembranças a respiração ofegante me atrapalha escrever. O sentimento, a dor, a angústia, as lágrimas e a vontade de berrar, de me sentir bem mais um vez, sem ser ao seu lado. Eu quero sentir o prazer de respirar, de estar viva...
...cadê a minha humanidade? 
Ás vezes meu corpo cansa, minha mente descansa, meus olhos se fecham, e aquele sorriso, aquele olhar me acorda ao seus braços. Os olhos abrem e a ilusão de que tudo poderia ser meu para sempre se desfaz sem ao menos deixar uma pista de quando vou deixar você partir.
Mais uma vez aqui, eu esperava fechar meus olhos e sentir de novo algo que me fizesse viver como quando estava com você.
O adeus sempre é e será uma coisa difícil de encarar...
Alice não é nada forte nesses momentos, talvez não devesse pensar, mas agora tudo está .....difícilmente sem você.
O pensamento rasga meu peito, perfurando até cutucar, segurar e arranca meu coração, depois devora-lo, assim nunca mais serei humana e isso servirá de vingança para minha mente e coração completamente em coma.